O humorista Léo Lins foi condenado a 8 anos, 3 meses e 9 dias de prisão em regime fechado pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A sentença, proferida no dia 3 de junho de 2025, é resultado de piadas consideradas discriminatórias proferidas durante o show de stand-up "Perturbador", apresentado em 2022 e publicado no YouTube, onde alcançou mais de três milhões de visualizações.
Além da prisão, Lins também deverá pagar multa de mais de mil salários mínimos e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
De acordo com a juíza federal Barbara de Lima Iseppi, as piadas causaram constrangimento, humilhação e medo a diversos grupos, incluindo negros, indígenas, pessoas com deficiência, nordestinos, judeus, idosos, homossexuais e pessoas gordas. A magistrada destacou que a liberdade de expressão não pode ser usada como pretexto para incitação ao ódio.
A defesa do humorista considerou a pena desproporcional e afirmou que recorrerá da decisão. Os advogados alegam que o humorista está sendo tratado como criminosos violentos, e que a condenação representa um risco à liberdade de expressão artística no país.
A condenação provocou forte reação na classe artística, especialmente entre humoristas. Danilo Gentili, conhecido por sua postura crítica em defesa da liberdade de expressão, saiu em defesa de Léo Lins nas redes sociais. “Qual foi o crime do comediante Léo Lins? Contar piadas em um show de humor”, questionou. Gentili ainda afirmou que “nunca na história do Brasil uma piada levou alguém ao ódio ou a praticar um crime”.
Antonio Tabet, do grupo Porta dos Fundos, também se manifestou: “Condenar alguém a oito anos de prisão por piada é uma loucura. É tratar comediante como se fosse criminoso”, declarou. Já o humorista Jonathan Nemer comentou que “o Brasil não leva a sério as atitudes dos políticos, mas prende comediante por piada”.
O show “Perturbador”, de 2022, foi retirado do ar por ordem judicial em 2023, a pedido do Ministério Público Federal, que classificou o conteúdo como ofensivo e propagador de intolerância. Léo Lins já esteve envolvido em outras polêmicas, como a condenação por gordofobia contra a dançarina Thais Carla e sua demissão do SBT após piada com criança com deficiência em evento do Teleton.
O caso reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão no humor, e até que ponto a arte pode ser regulada sem ferir direitos fundamentais — tanto de artistas quanto das pessoas e grupos citados em suas obras.