A fonoaudióloga Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos, foi morta a facadas dentro da residência onde morava, na Avenida das Sibipirunas, em Sinop, a 503 km de Cuiabá, no último domingo (24). O marido, Lucas França Rodrigues, de 22 anos, foi preso em flagrante como o principal suspeito do crime.
Natural de Brasília, Ana Paula era fonoaudióloga generalista e cursava Políticas Públicas na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela também atuou como servidora pública na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, mas pediu exoneração do cargo em julho deste ano, sem justificar o motivo. Nas redes sociais, onde somava mais de 120 mil seguidores, compartilhava sua rotina, defendia causas ligadas aos animais e publicava registros com seus gatos e campanhas contra maus-tratos.
Quatro dias antes do crime, Ana Paula chegou a publicar uma declaração de amor ao marido em suas redes sociais, reforçando a imagem pública de proximidade entre o casal.
Segundo a Polícia Civil, Ana Paula foi encontrada com 15 a 20 perfurações pelo corpo, além de lesões graves no pescoço, tronco, abdômen e pernas. Os bombeiros confirmaram que ela já estava sem vida quando a equipe chegou ao local.
Lucas foi localizado no quarto do casal em estado de surto psicótico e resistiu à prisão, dizendo não aceitar ser levado pelos policiais. Pouco antes, ele teria publicado nos stories do Instagram a frase “tudo já está bem”.
A irmã da vítima relatou que recebeu mensagens do suspeito confessando o crime, além de fotos do corpo de Ana Paula. O irmão de Lucas também procurou a polícia relatando ter recebido imagens semelhantes.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Renata Evangelista, o casal discutiu um dia antes sobre escatologia — estudo teológico que trata do destino final da humanidade. Lucas relatou em depoimento que Ana Paula não aceitava seu envolvimento com a doutrina, e a divergência teria motivado o crime.
“Eles tiveram essa discussão e a prática do crime se deu no dia seguinte. Lucas não conseguiu e não quis explicar o porquê disso”, afirmou a delegada.
Apesar da linha investigativa, a polícia ainda não confirma se a discussão foi a única motivação do crime. Outras circunstâncias também estão sendo analisadas.
Além da carreira acadêmica e da atuação na saúde, Ana Paula mantinha uma forte presença digital, com conteúdos de rotina, estilo de vida e defesa dos animais. O motivo do pedido de exoneração do serviço público em Brasília também passa a ser investigado, para apurar se há relação com o marido.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil de Mato Grosso, que apura as circunstâncias e motivação do feminicídio.