O biomédico Roberto Misahel do Amaral, investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) por exercer ilegalmente a profissão de médico, esteve a um passo de atuar oficialmente em Nortelândia (MT). Ele foi aprovado em 4º lugar no concurso público da cidade para a vaga de médico, mas não chegou a tomar posse.
A investigação do MPMT aponta que Roberto atuou de forma irregular em unidades de saúde no município de Mirassol D’Oeste (MT), a 291 km de Cuiabá. Ele também foi exonerado no final de 2023 de um cargo público em Laurentino (SC), onde igualmente se apresentava como médico, sem ter formação completa na área.
Durante cerca de nove anos, Roberto alimentou nas redes sociais uma narrativa de que era formado tanto em medicina quanto em biomedicina. As apurações, no entanto, revelaram que ele é graduado apenas em Biomedicina e que, embora tenha iniciado o curso de Medicina pela UFMT por meio de transferência, jamais o concluiu.
Ainda assim, ele foi contratado como médico em Mirassol D’Oeste. A contratação ocorreu sem que a Secretaria Municipal de Saúde soubesse da fraude, descoberta apenas após o início das investigações. A Promotora de Justiça Natália Guimarães Ferreira determinou no dia 21 de maio que o município prestasse esclarecimentos e alertou outras prefeituras, como a de Nortelândia, sobre o caso.
Em Santa Catarina, o biomédico também alegava ter diplomas em medicina, inclusive de ensino a distância, mas o Ministério Público daquele estado identificou que ele não concluiu nenhuma graduação médica. O Conselho Regional de Medicina (CRM) anulou sua inscrição como médico após verificar irregularidades.
Além disso, Roberto chegou a apresentar certificados de mestrado e doutorado que também são considerados falsos. Ele tem registro ativo apenas no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM), com especialização em Imagenologia.
A defesa do investigado afirma que ele concluiu o curso de medicina no Centro Universitário das Américas (FAM), em São Paulo. Contudo, a instituição cancelou sua colação de grau devido à ausência de 3 mil horas de internato, conforme determina a UFMT. Mesmo assim, Roberto tentou atuar com um certificado provisório, posteriormente cancelado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Atualmente, ele tenta na Justiça reverter a anulação do registro, mas teve o pedido negado pela Justiça paulista.
A presença do nome de Roberto entre os aprovados em concurso público de Nortelândia chama atenção, sobretudo diante da gravidade das acusações. Embora não tenha assumido o cargo, o caso reforça os riscos de contratações públicas sem checagem rigorosa de documentação.