A Justiça de Mato Grosso condenou o empresário Flávio Henrique Lucas, sua esposa, a cirurgiã-dentista Mara Kenia Dier Lucas, e a empresária Thaysa Lucas, irmã de Flávio, por crimes ligados ao tráfico interestadual de drogas. Juntas, as penas ultrapassam 60 anos de prisão.

O caso é resultado da Operação Escamotes, deflagrada em maio do ano passado pela Polícia Federal, que desarticulou um esquema de tráfico de drogas e armas com atuação em Mato Grosso e outros estados.

Segundo a sentença proferida pelo juiz Douglas Bernardes Romão, da 1ª Vara Criminal de Barra do Garças, as investigações comprovaram que Flávio e Mara atuavam diretamente na organização criminosa. Flávio foi flagrado negociando entorpecentes em mensagens e até em chamadas de vídeo, muitas vezes ao lado da esposa. Em uma das gravações, ele acompanhava em tempo real o carregamento de veículos com drogas.

O empresário confessou participação no tráfico, mas tentou isentar a companheira. No entanto, o magistrado ressaltou que as provas foram contundentes quanto à atuação conjunta do casal. Flávio foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. Mara recebeu a mesma pena, totalizando 42 anos de prisão.

Ainda conforme a decisão, Flávio era responsável pelo gerenciamento da logística do tráfico, organização de transportes, recrutamento de “mulas” e contato com fornecedores. Já Mara desempenhava papel essencial no financiamento da operação, realizando pagamentos de despesas do grupo criminoso, como aluguel de veículos, custos de transporte, assistência jurídica e apoio às “mulas”.

A irmã de Flávio, Thaysa Lucas, também foi condenada em um processo separado, em maio deste ano, a 18 anos e seis meses de prisão. De acordo com a Justiça, ela reforçava o núcleo financeiro da facção criminosa, repassando valores para sustentar as atividades ilícitas. Sua pena está sendo cumprida em prisão domiciliar.

Além deles, outros acusados também foram sentenciados: Thiago de Oliveira a 17 anos e seis meses; John Carlos Lemos da Silva, Tomaz Camilo Vieira Guimarães e Kelvin Diego Minott Egu a quatro anos e dez meses cada. Já Pedro Benício Rodrigues de Sá foi absolvido.

As condenações ganharam repercussão após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negar habeas corpus à defesa de Mara Kenia e manter sua prisão, nesta segunda-feira (15). Flávio também segue preso, enquanto Thaysa cumpre sua pena em regime domiciliar.

De acordo com as investigações, o grupo ainda teria negociado armas de fogo, embora não tenha havido denúncia formal nesse ponto. Os autos também indicam que Flávio respondia a um suposto “chefe” de facção criminosa, ainda foragido.

O Expresso Notícia segue acompanhando os desdobramentos deste caso, considerado um dos mais significativos da Justiça Criminal em Mato Grosso nos últimos anos.

 

Trecho da decisão:

 

 

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